quarta-feira, 11 de julho de 2012

Íntimo - segundo dia

Uma presença incessante e insistente!
A ausência.
A saudade. Talvez devesse munir-te de poesia e cultivar orquídeas.
Talvez uma outra cidade, um outro dia.
Hoje tu queres afogar-te nas lembranças, uma embriagues contida e santa.
Apenas tudo aquilo que ainda está aqui. Só dentro de ti.
Todos se vão um dia.
Todos se foram ontem mesmo.
Difícil é ser o mensageiro que fica para contar as más-novas aos desavisados.
E cada nova gota de vinho, cada nova palavra proferida vezes repetidas, é mais
uma lembrança que queres desesperadamente tirar do teu peito.
Do teu travesseiro molhado.
Deste tapete imundo em que tens habitado a noite, remoendo, revivendo, retorcendo-te.


Revira-te novamente ao avesso, e com as vísceras à mostra, arfe melhor o ar aos pulmões.
Respire, vista-te. Mais um dia de trabalho espera-te lá fora, em duas horas deves tornar-te de novo aquela uma que um dia chamas-te de "eu". Hoje mal conheces.


No fundo do teu quarto, no fundo da tua intimidade. Um túmulo aberto e do avesso.
  

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