São Paulo, 26 de fevereiro de 2012
Ouço música, ela evita que as últimas gotas se transformem em estopins. A música tenta diminuir a tensão superficial no copo para o excedente escorrer devagar e suavemente, fazendo com que meus passos molhem o chão, mas que minhas palavras e atitudes não incitem guerras.
O que fazer quando o copo está cheio? E você só tinha um para por mágoas, lágrimas, frustrações, sonhos e não-realizações.
Estou deixando algumas dessas gotas escorrerem pelos cantos dos olhos para que as flechas que o mesmo olhar carrega não atinja ninguém.
Não quero ferir ninguém.
Tento me manter ocupada, porque o ócio traz pensamentos, e o pior, traz também lembranças.
Meus braços estão cansados de estarem equilibrando uma balança.
Um prato em cada mão.
A mão do dever.
A mão do querer.
Não sei querer o que devo.
Faço o que devo.
Não devo afetar a estrutura das costelas que foram levantadas ao meu lado.
Cada um sabe de si e seus próprios braços.
Os meus estão exaustos.
A dias que o suor tem escorrido como fonte de minha fronte sonolenta.
Quem sabe amanhã?
Estou sobrevivendo e contando minutos, contar dias ou semanas é luxo de quem tem trabalho.
Contar meses é luxo de quem recebe.
O meu único luxo é voltar ao zero a cada sessenta segundos.
Minuto a minuto.
Gota a gota.
Continuo andando,
E deixando marcas molhadas no chão.
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An-han...